terça-feira, setembro 13, 2005

SELO DE QUALIDADE EXISTE?


ISO-9000 e 9000 e alguma coisa, selos, diplomas, testes variados. Isso tudo funciona?

Encontramos sempre informações desse tipo em embalagens e anúncios. E raramente nos atemos a essas informações. Em material de construção, na verdade, o que importa mesmo, o que atesta a qualidade de um produto, é o certificado de conformidade dele. E este certificado é reservado aos materiais aprovados em testes e ensaios realizados por cerca de 100 laboratórios do Brasil, credenciados pelo Instituto Nacional de Metrologia ( INMETRO).
Para poder receber essa credencial o produto deve atender às regras da Associação Brasileira de Normas Técnicas ( ABNT ), que vai estabelecer requisitos mínimos de desempenho. Ou seja, pode-se e deve-se, cobrar desses produtos a resistência e qualidade esperada. Empresas sérias produzem produtos sérios. No caso de haver algum problema elas assumem todo e qualquer ônus. Em casos extremos você pode entrar em contato com o laboratório certificador que irá, de qualquer forma, pressionar o fabricante.
A maioria dos materiais encontrados nas lojas possue esse certificado. E devem ser os preferidos do consumidor atento.
No caso dos produtos cerâmicos existe ainda uma coisa que é essencial, e que geralmente passa batido a olhos menos avisados. As grandes fábricas tem rígidos controle de qualidade. Quando da fabricação de um determinado piso ele vai para laboratórios que tem por função detectar imperfeições, estéticas ou técnicas. Algumas delas são flagrantes a olho nú, outras não. Uma ligeira diferença de bitola ( tamanho da peça) uma tonalidade um pouco manchada, pequenos defeitos de esmalte, até variações leves na superfície, empenos, etc, podem acontecer. Quando observadas na loja, e geralmente, no momento da escolha só se vê duas ou três peças, nos perecem perfeitos. Mas o defeito devastador vai acabar aparecendo, ou quando assentados ou depois de algum tempo de uso. Nas fábricas sérias, e a maioria delas é, esse produto será desclassificado e levará a catalogação de produto B ou comercial. Será posto no mercado com essa advertência ao consumidor incauto. O produto de primeira linha, impecável quanto a beleza e qualidades, será considerado Extra e com esse título vai até as lojas. Claro está que terão preços diferentes. O material B , geralmente, custa 40% menos que o material A, e isso é quase sempre repassado na íntegra para o consumidor final.
Agora a pergunta: as fábricas fazem isso por puro “bom mocismo'? Claro que não. Elas são obrigadas a dar garantia do que fabricam. E a garantia vale para o Extra. O produto B corre por conta e risco do usuário dele. Se você comprou aquele azulejo baratinho e agora ele está manchando na sua parede o azar é seu. Daí que concluímos que milagres não existem. Um produto pode ser encontrado no mercado nas duas versões. E com preços absolutamente diferentes. Aí você fica todo feliz achando que encontrou uma pechincha. Engano seu. Algumas lojas, principalmente as mais populares, costumam comercializar até 80% de produtos de segunda linha. Isso não está errado, é perfeitamente legal e lícito, mas cabe ao vendedor correto, de uma loja correta, alertar seu cliente. A opção é sua, escolher entre o B ou o Extra. E exija isso escrito na sua nota fiscal. E observe as caixas quando da entrega. Todas elas deve vir com o carimbo de EXTRA. Existem situações em que você não está se importando muito. Mas existem situações também em que é importante. E se comprou gato por lebre não há o que fazer além de reclamar e lastimar. Uma casa inteira com um porcelanato lindo, mas de péssima qualidade, mais dia menos dia vai apresentar problemas. E depois de assentado não é um probleminha, é um problemão. Volto a dizer, milagres não existem. O que existe mesmo é falta de informação.
Insisto que nada deve ser decidido na sua obra sem a consulta do arquiteto ou decorador. Ninguém se atreve a se auto-medicar quando o caso é sério. É a mesma coisa. O profissional de arquitetura é o médico da sua casa. Melhor procurá-lo antes do que chorar depois.
Edição 3 de setembro de 2005 - Correio Amazonense.